A segurança de trânsito e as leis

Osias Baptista Neto
A segurança de trânsito não é uma questão de governo. É uma questão de sociedade.
Afinal, o povo brasileiro compactua com mais de 34 mil mortes no trânsito por ano?
Aprova as medidas que reduziram esse absurdo número de 44 mil em 2014 para 34 mil em 2018?
Acha que elas devem permanecer e serem tornadas mais eficientes ainda para reduzir sempre mais esse número, com o conceito de que NENHUMA morte no trânsito pode ser aceita por uma sociedade minimamente civilizada?
Na hora que se discute o futuro econômico e financeiro do país, às portas de nova recessão, pode-se insensivelmente perder mais de 50 Bilhões de Reais por ano em acidentes de trânsito?
Sabe o povo brasileiro que NENHUM país do mundo conseguiu reverter a taxa de mortalidade no trânsito apenas com educação, sem reforçar fortemente a legislação de trânsito e a fiscalização?
Sabe o povo brasileiro que, desde a aprovação do Código de Trânsito Brasileiro em 1997, 5% do valor das multas arrecadadas em todo o país deve ser obrigatoriamente gasto em segurança e educação para o trânsito, e que esses valores sempre foram quase que integralmente usados para compor superavit primário, em vez de serem aplicados corretamente? e que desses valores nunca foram feitas prestações de contas abertas ao povo?
Sabe o povo brasileiro que o nosso país ostenta um dos maiores índices de mortes no trânsito por população do mundo? Consegue ver a gravidade desse fato em vez de fazer troça com o resultado? Sabe que cada um de nós tem sua parcela de responsabilidade nesse índice?
O dia em que a sociedade brasileira resolver se manifestar de verdade a favor da segurança de trânsito, fazendo, antes de cobrar dos governos, a sua parte, de forma clara e objetiva, deixando de menosprezar as mortes dos "outros"e as regulamentações feitas para protegê-la, fazendo com que a segurança de trânsito se torne uma valor nacional e uma meta a ser atingida diariamente, nenhum governo (executivo, legislativo e judiciário) ousará criar normas e leis que desrespeitem esse valor e, por consequência, o povo brasileiro.
O Congresso é a palavra final na elaboração das leis. Cabe a ele nivelar toda e qualquer manifestação do Executivo às aspirações legítimas da sociedade. Cabe à sociedade fazer o Congresso entender essas aspirações e agir de acordo com elas
Não é hora de discutirmos o resultado das eleições, ele está posto nos dois poderes, discutir isso não ajuda em nada. Cabe a todos nós decidir o que queremos e pressionarmos de acordo com nossas possibilidades para que 2019 não seja um ano de reversão da tendência de queda desse número atroz de mortes. Nós, nossas famílias, nossos amigos, poderemos estar entre os que não terão suas vidas ceifadas.
Ou não.

Comentários

  1. Wilson Baptista Júnior6 de junho de 2019 às 10:14

    Inteiramente de acordo. Enquanto o brasileiro usar redes sociais para fugir das blitzes, se recusar a soprar bafômetro, considerar que radar é fábrica de multas e que pode fazer o quiser na direção continuaremos a morrer no trânsito. A responsabilidade maior é do cidadão.

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    1. Isso. Falta a compreensão de onde emana o poder, de acordo com a Constituição.

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  2. Osias,
    O Bolsonaro está perdido nesta Seara. A verdade é que, como muitos motoristas, ele ficou indignado com a fábrica de multas.
    Não seria mais produtivo, ao invés de nós magoamos, dar sugestões para coibir os abusos?
    Já falei aqui que indo para o Rio, é impossível seguir as placas. A explicação da Via 040 foi de que ela não pode retirar as placas do Débito, mas colocou placas divergentes. Sugestões localizadas são possíveis de serem tecidas e isto poderia dar um impacto positivo na equipe do governo.
    O que você acha?

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    1. Já foram enviadas propostas, sugestões e comentários ao Presidente e ao Ministro, mas o discurso continua a o mesmo. Entendo que a medida que se ocupe um cargo tem-se de olhar as questões com uma ótica mais abrangente, diferente da de simples motorista. Enfim...
      Agora a questão é no Congresso, esperemos que os Congressistas ajam com inteligência para o bem do país, e não para o dos partidos ou das bancadas.

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