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Mostrando postagens de junho, 2019
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A pensão de tia Zulmira Osias Baptista Neto Era verão. Calor bravo, muito sol. Betinho chegou na rodoviária, mochila nas costas, fones de ouvido com bluetooth, e desceu as escadas para a plataforma de embarque. Até que enfim, férias! Não podia esperar a hora de ver o mar, comer aquele camarãozinho e tomar aquela cerveja gelada. Paulinho, seu melhor amigo, havia lhe recomendado: "Que Cabo Frio que nada, cara! Você tem que ir é pra Barra do Curupiri, o melhor lugar do mundo! Ficar na pensão da tia Zulmira, velhinha incrível, o maior barato! Chega de programa de mineiro, sô! Vou passar um telegrama pra ela, avisando que você vai pra lá." A viagem até Salvador foi cansativa, mas sem novidades. Estrada longa, partes ruins, partes boas, muito trânsito, mas todo mundo de pé embaixo. Deu para dormir meio torto, felizmente a poltrona do lado estava vazia. Em Salvador comprou passagem para Esplanada, onde pegaria outro ônibus. É, o lugar devia ser danado de bom pa
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OS SETE JARDINS   Osias Baptista Neto             Quando Abdulah parou de falar o velho califa sorriu, colocou a mão direita em seu ombro e falou, com sua voz grave e arrastada:             "O coração de um homem, meu filho, é formado por sete jardins, fechados por sete muros, um dentro do outro, em círculos concêntricos, como os veios de uma tamareira cortada pelo machado de um lenhador imprevidente. O primeiro muro, o mais externo, não tem sequer um portão em sua entrada. As pessoas entram e saem sem cerimônia, arrancam as poucas flores e frutos que ainda tentam medrar, cospem e defecam.             O segundo muro tem um portão, de barras de ferro batido, mas sem fechadura. Os mais curiosos o abrem e entram, por lá passeiam e tornam a sair. Lá sobrevivem umas poucas flores, e uma velha palmeira.             O terceiro muro tem um portão de folhas de ferro, pelo qual não se pode espiar, e uma antiga tramela, difícil de abrir. Aqueles que querem conhecer o jardim
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A segurança de trânsito e as leis Osias Baptista Neto A segurança de trânsito não é uma questão de governo. É uma questão de sociedade. Afinal, o povo brasileiro compactua com mais de 34 mil mortes no trânsito por ano? Aprova as medidas que reduziram esse absurdo número de 44 mil em 2014 para 34 mil em 2018? Acha que elas devem permanecer e serem tornadas mais eficientes ainda para reduzir sempre mais esse número, com o conceito de que NENHUMA morte no trânsito pode ser aceita por uma sociedade minimamente civilizada? Na hora que se discute o futuro econômico e financeiro do país, às portas de nova recessão, pode-se insensivelmente perder mais de 50 Bilhões de Reais por ano em acidentes de trânsito? Sabe o povo brasileiro que NENHUM país do mundo conseguiu reverter a taxa de mortalidade no trânsito apenas com educação, sem reforçar fortemente a legislação de trânsito e a fiscalização? Sabe o povo brasileiro que, desde a aprovação do Código de Trânsito Brasileiro em
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A mobilidade nos novos tempos Osias Baptista Neto Vivemos um tempo de mudanças drásticas, difíceis de compreender, transformando conceitos recentes em coisas do passado, substituindo-os por outros que logo serão também superados. Crianças e adolescentes já conversam entre si lembrando produtos ou usos que já desapareceram do consumo imediato, como “antigos” modelos de celulares com apenas uma câmera, músicas e intérpretes que tão logo aparecem nas “dez mais”, desaparecem mergulhadas no ostracismo. A tecnologia torna mais tecnologia possível, em velocidade cada vez maior, alimentando-se de si mesma, como previu Alvin Tofler nos anos 1970. A capacidade de compreensão do ser humano é colocada à prova, tendo de se adaptar ao ritmo veloz das mudanças que não respeitam mais as estruturas rígidas do passado, precisando tornar-se maleável e adaptativa. Surgem novos modelos, novos ofícios, novas relações, adequando-se rapidamente a cada inovação tecnológica lançada num mercado
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                                                               Aqui é Galo, porra! Osias Baptista Neto Virei Atleticano no dia 19 de abril de 1959, quando meu pai alugou uma televisão para que pudéssemos assistir a uma entrevista sua sobre fotografia, na TV Itacolomi, entrevistado pelo Milton Collen, num sábado. No domingo, televisão ainda em casa, vi, pela primeira vez, em preto e branco, o Atlético vencer o América, por 1 x 0, gol de Ubaldo. Aprendi, naquele dia, que a televisão não precisava de cores, pois a alegria era alvinegra. Morava no Santo Agostinho, pertinho do Estádio Presidente Antônio Carlos, carinhosamente chamado de “estadinho da colina”, e me acostumei, junto com meus colegas de rua, a assistir treinos, jogos, coletivos, enfim, viramos “piolhos” do estadinho do Galo. Assisti ao primeiro treino de Lola, Vaguinho, Oldair, Buião, e do grande Dario Peito de Aço, que assustou o técnico Yustrich marcando dois gols esquisitíssimos um pelo time reserva, no prim